VIOLÊNCIA NO RIO | |
Este artigo começa diferente, com uma nota do autor. Na verdade, trata-se de uma pensata sobre a cobertura da mídia carioca quando o assunto é violência urbana. Nele estarão questionamentos e convicções próprias de um jornalista que, durante 20 anos, trabalhou com este tipo de noticiário em telejornais diários. Ao leitor, peço que reflita e que debata também. Afinal, se estamos longe de uma solução para o tema, com certeza ela passa por um sério debate. Nos jornais, na internet, nas rádios e nos noticiários de TV, a nova onda de violência no Rio de Janeiro está nas manchetes. Não se trata de uma novidade, porém, já que a cidade sofre constantemente com ações do tráfico de drogas e a mídia brasileira está sempre pronta a noticiar os fatos. Isso é um problema? Claro que não, afinal a imprensa deve noticiar fatos. Mas o que me pergunto é: isso está sendo feito da maneira correta ou, muitas vezes, a nossa mídia carrega nas tintas? Essa mais recente ofensiva dos bandidos cariocas foi classificada, em alguns meios de comunicação, como "a guerra do Rio". Isso é jornalismo ou tal bordão não passa de um artifício jornalístico para valorizar uma manchete? A fronteira, temos que admitir, é uma linha tênue. Mas, se aceitarmos que se trata realmente de uma guerra, não caberia à imprensa se comportar de forma mais cuidadosa, preocupando-se mais com o lado dos "mocinhos" ao invés de supervalorizar as ações dos bandidos? Ou a notícia deve ser dada, doa a quem doer? Comentários irresponsáveis Um noticiário além da medida não gera uma sensação de pânico na população? E isso não acaba sendo favorável aos bandidos? Só na quarta-feira (24/11), ouvi falar sobre um caminhão-bomba na ponte Rio-Niterói (falso), cenas de guerrilha com tiroteio dentro do túnel Rebouças (falso também) e de uma ameça de bomba em Ipanema (era uma caixa de madeira vazia que seria utilizada em uma ação promocional). Boatos que vão se multiplicando, impulsionados pelo medo. Não quero minimizar a situação, mas também acho que é importante refletir sobre ela. Era inevitável que em algum momento houvesse reação contra a implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Não se coloca um elefante dentro de uma loja de cristais sem que alguns copos sejam quebrados. Só que em vez desse tipo de interpretação ser feito por nossa mídia, opta-se por manchetes espalhafatosas que só engrandecem os atos criminosos. Na semana passada começaram a juntar esses casos e logo se proclamava que havia uma nova modalidade de crime no Rio. Agora, pensem comigo: esse tipo de abordagem não acaba oficializando ações que poderiam até ser isoladas e dando, como dizem por aí, "ideia para maluco"? E o pior é ouvir no rádio que a culpa é do governo, que decidiu mexer numa situação que estava sob controle (?). O comunicador (?), que nem merece ser citado, dizia aos brados que se tinham mexido com o vespeiro, agora deviam aguentar as ferroadas. Uma irresponsabilidade total. Nossa imprensa dá mais importância para os bandidos do que eles próprios se dão. E quando eles veem que alguma ação apavora as pessoas, passam a intensificá-la, realimentando o círculo vicioso. Ética inversa Este tipo de ação assusta? Claro que sim, mas raciocinemos: qualquer moleque, a mando do tráfico, pode jogar uma garrafa de gasolina sob um carro ou um ônibus e tocar fogo nele. É pouco? Não. Mas, infelizmente, também já vivemos situações bem mais graves no Rio de Janeiro. Só que a cada nova ofensiva, uma luz de alerta se acende dentro de cada carioca e de nossa imprensa. Uma reação analisada pelo sociólogo Ignácio Cano em recente entrevista para a BBC Brasil: "As pessoas lidam com insegurança no Rio de forma cíclica e dramática. Para conviver com o alto nível de violência na cidade, as pessoas tratam como se ela não existisse. Mas, então, surge um evento de grande repercussão e vira uma pauta central na cidade, todos discutem, é uma grande catarse." O que fazer? Não noticiar? Não. Acho que essa não é a solução, nem o papel do jornalismo. Mas creio que numa situação de "guerra" – que existe, segundo os próprios meios de comunicação – a imprensa deveria tomar alguns cuidados. Alguns erros são crassos. Da mesma forma como existe um acordo informal para não noticiar suicídios, para não divulgar valor de resgates de sequestros ou de venda de substâncias ilícitas, também deveria haver um bloqueio a certas informações ligadas ao tráfico de drogas. Por exemplo: traficante e bandido não têm nome, nem tampouco cargo ou posto. Bandido é bandido, traficante é traficante. A ética entre esses marginais é inversa. Bandido que tem nome no jornal é o "bicho", é o cara que está barbarizando e por isso mesmo passa a ser mais respeitado e a ter mais poder. Se o Fernandinho Beira-Mar está preso, esqueçamos que ele existe, a não ser que alguma notícia sobre ele seja realmente necessária. Não dá é para ficar falando dele cada vez que vier prestar depoimento no Rio. Rei morto, rei posto. Não podemos ficar servindo de diário oficial da bandidagem, mas o problema é que isso dá ibope e não faltam programas jornalísticos (porque telejornais não são), ou programas de rádio, ou jornais populares, quase totalmente voltados para esta questão da violência na cidade. Cito a manchete da primeira página do jornal Extra de quarta-feira (24/11). "UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) X UPP (Unidos pelo pó)". Fico pensando no que se passava na cabeça de quem bolou tal manchete. E só me vem uma resposta: cifras (de tiragem e de faturamento). Será que é assim que tem que ser? |
26 de nov. de 2010
Reprodução de matéria do Observatório da Imprensa sobre a midiatização da violência (no RJ)
19 de nov. de 2010
TV Record repercute o ódio aos pobres na Globo
Os vídeos podem ser vistos em:
Luiz Carlos Prates: qualquer miserável agora tem carro
Luiz Carlos Prates: TV Record repercute o ódio aos pobres na Globo
15 de nov. de 2010
Comandante do Corpo de Bombeiros repudia Jornalista Luis Torres
Comandante do Corpo de Bombeiros legisla em causa própria e inicia abaixo-assinado para continuar no cargo após posse de Ricardo Coutinho
Essa vem de dentro dos quartéis. O Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Rodrigues, que é irmão de um dos oficiais ajudante de ordens do governador José Maranhão (PMDB), tem feito reuniões regulares com oficiais e praças da corporação e, ao final, passa um abaixo-assinado a ser entregue ao novo governador Ricardo Coutinho indicando sua permanência no cargo.Não é isso exatamente, mas é, segundo minha imaginação, algo como “Coronel Rodrigues é o melhor para os Bombeiros”. Um exercício de auto sobrevivência digno de quem não entendeu que o governo é outro a partir do dia 1º de janeiro.
Até porque se a corporação realmente quisesse lutar pela manutenção de Coronel Rodrigues no cargo, faria abaixo-assinado espontaneamente. Sem precisar de pedido.
Luís Tôrres
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Comandante Geral do Corpo de Bombeiros confirma existência de abaixo-assinado pedindo sua permanência, mas afirma que documento é ato espontâneo da corporação
O Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Rodrigues, enviou ao blog nota como Direito de Resposta à post veiculado neste espaço dando conta da existência de um abaixo-assinado para mantê-lo no cargo mesmo após a posse do governador eleito Ricardo Coutinho (PSB).
Na nota, o coronel Rodrigues, que recebeu solidariedade de boa parte dos leitores do blog, confirma a existência do abaixo-assinado, mas nega que tenha qualquer interferência sobre o documento.
Ao registrar que o abaixo-assinado é um ato espontêneo da tropa, Coronel Rodrigues afirma que desenvolveu trabalho moralizador na corporação.
Em nome do bom jornalismo, leiam na íntegra Direito de Resposta do Coronel Rodrigues. Reafirmos o que dissemos desde o começo: competência não se questiona. Mas se renova.
DIREITO DE RESPOSTA
Caro leitores
Me dirijo a todos com o coração contrito e um fardo imensurável de dor e constrangimento, diante das infâmias caluniosas e difamadoras contra mim perpetradas, divulgadas neste blog do LUIS TÔRRES, datado de 13 de novembro de 2010. Acredito que o nobre jornalista foi induzido por fonte não fidedigna na construção e difusão dessa noticia estapafúrdia e mentirosa e diante disso me vejo na obrigação de esclarecer os fatos e restaurar a verdade não apenas por mim, mas principalmente pela minha família, os cerca de 1200 bombeiros que represento e toda a sociedade. A matéria com tema e imagem pejorativos e 03 (três) parágrafos é um sofisma, sendo a única verdade no conteúdo o meu nome e existência de um abaixo assinado.
Tenho uma história de 44 anos vida e 25 anos de Bombeiros Militar pautados na cidadania e busca incansável e incessante da ética, respeito, legalidade, probidade, fraternidade e amor.
A fonte que alimentou o jornalista Luis Torres na elaboração desta matéria deve ser algum dos militares do Corpo de Bombeiros, insatisfeito com as medidas de moralidade, economicidade e eficiência adotados ao longo dos oito meses em que estamos a frente da Corporação. As quais resultaram no bem estar da maioria dos que fazem a nossa Corporação e em conseqüência na melhoria da qualidade dos serviços prestados a sociedade paraibana.
Não fiz formatura em nenhum quartel após as eleições e fiz sim uma reunião com os comandantes de batalhões e Cias pedindo a eles que se preparassem administrativamente para as mudanças que ocorrerão em janeiro e estabeleci um calendário de visitas a todos as unidades que ocorrerá na últimas semanas de novembro e primeira de dezembro, a fim de prestar contas das atividades desenvolvidas ao longo de meu período a frente do Corpo de Bombeiros Militar, fundamentado no principio da publicidade, transparência e legalidade.
Um dos sentimentos mais nobres do ser humano è a gratidão e de forma inédito e voluntária fui surpreendido com um abaixo assinado que circula nos quartéis de todo o Estado pedindo a minha permanência no Comando da corporação. Estou regozijado e emocionado com o ato praticado. O Comando de uma Corporação Militar que contraria interesses em muitas ocasiões se ver reconhecido e mais do que isso, os militares saem da passividade e se tornam ativos na expressão dos seus sentimentos. Não estou com intenções pessoais de me manter no Poder e sequer conheço pessoalmente o futuro Governador Ricardo Coutinho, visto que meu maior compromisso é com Deus, minha família, meus comandados, amigos e sociedade e com esses me sinto reconfortado do dever cumprido.
O que se vê hoje é um clima de fraternidade, tratamento isonômico e respeito com todos os que fazem a Corporação, fruto da humanização estabelecido pelo nosso Comando, não apenas como retórica, mas também como uma prática cotidiano no bom trato e na elevação da dignidade da pessoa humana. Quebra de um paradigma e priorização dos valores fundamentais na relação humana e profissional entre as pessoas. O poder utilizado para servir e não para ser servido!
Nobre Jornalista Luiz Torres espero ter esclarecido os fatos com a cristalinidade necessária. Vá pessoalmente aos quartéis do Corpo de bombeiros e pergunte de forma aleatória ao militar que encontrar lá ou na rua se em algum momento fui desonroso, mentiroso, desumano, injusto, preguiçoso ou pedi para assinarem um abaixo assinado para minha permanência no Comando Geral do Corpo de Bombeiros, muito menos realizei reunião para tal fim. O principio constitucional da ampla defesa é mister na construção de um juízo de valor que se possa recomendar a leitura de algum tema.
Ricardo Rodrigues da Costa- Cel QOBM
Comandante Geral do CBMPB
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Blog do Luís Torres:
http://www.paraiba1.com.br/luistorres/
2 de nov. de 2010
E agora, José?
Com a vitória de Ricardo Coutinho veio a derrota primeiro, de José Maranhão, segundo, dos próprios ricardistas, que depois de passada a sensação gostosa de uma ejaculação precoce, amargarão o sabor tenebroso do deixar-se de lado.
Ricardo foi para o segundo turno, obteve 150 mil votos de diferença e não foi graças a ele, o senhor Deus da capital. Inclusive, na capital, onde é tido como liderança, obteve cerca de 20% a menos de votos do que quando disputou a prefeitura. Ricardo deve seu desempenho ao governador-cassado-senador-cassado Cássio Rodrigues da Cunha Lima, seu fiel ex-rival articulador nos grotões da Paraíba.
Se enganou, profundamente, quem acreditou que o novo enterraria Maranhão e os Cunha Lima, para dar vez às vozes caladas da sociedade civil desorganizada.
Se enganou quem acreditou que “primeiro é preciso ganhar!”