22 de fev. de 2010

Eu tenho medo!

Oito anos depois de Regina Duarte tentar apavorar os brasileiros durante a campanha eleitoral para presidente em 2002, que naquele momento já rejeitavam o FHC e o governo do PSDB, criando mitos sobre o que Lula poderia fazer com o país como acabar com a estabilidade e o controle de inflação, chegou a nossa vez de alertar as pessoas para o medo que temos do país voltar às mãos de quem o levou ao fundo do poço quando teve a oportunidade de governá-lo, e diferente de 2002, hoje temos medo porque temos uma experiência real com eles no poder para fazer nossas avaliações e não apenas especulações, como Regina fez:

Eu tenho medo da desativação gradativa dos programas sociais;
Eu tenho medo do sucateamento das estatais com a intenção de privatizá-las;
Eu tenho medo da falta de planejamento que já levou o país a um apagão energético.
Eu tenho medo das políticas econômicas equivocadas que fizeram o país quebrar tres vezes;
Eu tenho medo da concentração ainda maior dos meios de comunicação;
Eu tenho medo da ascenção ao poder da direita reacionária que está por trás do PSDB;
Eu tenho medo de gente que reescreve a história tentando igualar torturadores assassinos e vítimas;
Eu tenho medo da volta da política de desvalorização do funcionário público;
Eu tenho medo de voltar a ser governado pelos Daniel Dantas da vida;
Eu tenho medo da falta de incentivo que fez quebrar setores produtivos do país;
Eu tenho medo da volta do neoliberalismo que concentra renda e aumenta a pobreza;
Eu tenho medo do retrocesso nos avanços do Prouni e cotas raciais;
Eu tenho medo de voltarem a tratar os sem-terra como em Eldorado de Carajás;
Eu tenho medo de entregar a chave do cofre para aliados do Arruda, da Yeda, do Richa…;
Eu tenho medo da Polícia Federal voltar a ficar amarrada sem combater colarinho branco;
Eu tenho medo do país voltar a ser coadjuvante no cenário internacional;
Eu tenho medo de ser governado com quem não dialoga com setores da sociedade;
Eu tenho medo de quem manda a polícia bater em manifestante e estudante;
Eu tenho medo da volta dos salários de fome e da escassez de empregos;
Eu tenho medo do retorno dos incompetentes protegidos pela mídia chapa branca;
Eu tenho medo de voltar a ter um presidente que governa para os ricos e não fala a língua dos mais necessitados

Autora: Angela Maria Fernandes
Fonte:
Mobilização BR

19 de fev. de 2010

10 por dia


Mais uma contra os estudantes na capital paraibana.


Na verdade, essa é antiga, eu é que sou desinformado e só descobri hoje, e da pior maneira possível.


Não bastasse terem surrupiado nosso direito de estudante (Direito! Não é favor, não!) de pagamento de meias-passagens nos ônibus municipais, transferindo a identificação da carteirinha estudantil propriamente dita, para o cartão de passe, com foto, inibindo sua possível utilização por outro estudante, já que mesmo apresentando a carteira (que nos daria, outrora, o direito ao desconto de 50%), o cobrador é orientado a não permitir a nossa passagem, mesmo depois disso, descobri, de uma forma um tanto quanto constrangedora, que só tenho direito a 10 (dez) passagens por dia.


Lá estava eu, perto das 22h30, num local esquisito, esperando o “busão”. Ele passa, eu o apanho e, na hora da carteirada, a maquineta, cheia de seus mistérios, me impede de passar. Tentei várias vezes até que o cobrador, muito educadamente, me informou que minha cota de dez passagens havia sido ultrapassada.


- Ah! E agora, seu prefeito? O que faço numa hora dessas? Nem posso contar as moedinhas, por que não as tenho aqui, comigo. Então? Como faço pra chegar em casa? Vou à pé?


Essas perguntas tive vontade de fazer, mas como? O homem certamente estaria dormindo àquela altura!


Bem! Mesmo não tendo como fazê-las, fiquei indignado. Outras vezes também fui impedido de passar pela roleta. Tive a infelicidade de pegar o mesmo ônibus e, também ai, o bilhete não me permitiu passar. Vejam! Não posso pegar o mesmo ônibus duas vezes até que ele vá ao terminal e “zere” o contador. Dessa eu já sabia. Eu até imaginei que não pudesse. Se eu não posso emprestar meu cartão a outro estudante, certamente ele seria bloqueado para passar duas ou mais vezes na mesma catraca e na mesma hora.


Mas, voltando ao episódio desta noite, por sorte, um senhor, que pegou o mesmo ônibus que eu, passou o seu cartão de vale (Vale Legal). Eles, o senhor e o seu cartão, foram os salvadores da noite e devo à eles o fato de o constrangimento nem ter sido tão grande. Pelo menos com o Vale Legal tudo pode.


Do jeito que está o estudante terá que se limitar a ir e voltar da escola ou universidade para casa. Sendo assim, não poderá se dar ao luxo de cursar em dois expedientes distintos, trabalhar ou estagiar, se para cada uma locomoção tiver que pegar ônibus, integrar, se os destinos forem muito distantes.


Agora, ter se aliado ao ex-governador e ao senador os quais tanto combatia e aos empresários do transporte público que tanto denunciou, não necessariamente passa por retirar direitos dos estudantes, né?

12 de fev. de 2010

"KIT DO BRASILEIRO"‏

Acabo de receber um e-mail, tipo aquelas correntes, de um amigo. Só que não era exatamente uma corrente de pedidos milagrosos, religiosos. Era algo fantasioso. Trazia algumas imagens alusivas ao governo do presidente Lula, imagens de algumas ações desse governo.

Se me perguntarem o que eu acho de cada um, vou logo dizendo que, na época mais atuante da minha militância política era completamente contra, mesmo assim algumas verdades têm que ser ditas. Então, veja bem, coloco aqui o e-mail recebido, com as figuras e suas respectivas legendas, provavelmente feitas por um fanático tucano, possivelmente de memória fraca, uma vez que grande parte dessas medidas foi criada no governo FHC, e mais embaixo faço algumas observações sobre o assunto. Seguem:


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e-mail (retirei o remetente):

De:Offline Xxxx Xxxxxx (XXXX@hotmail.com)
Enviada:sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 1:38:14

Anexos: 8 anexos Baixar todos os anexos (107,8 KB)
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KIT DO BRASILEIRO

*Vai transar?*
O governo dá camisinha.


*Já transou?*
O governo dá a pílula do dia seguinte.


*Teve filho?*
O governo dá o Bolsa Família..


*Tá desempregado?*
O governo dá Bolsa Desemprego.


*Vai prestar vestibular?*
O governo dá o Bolsa Cota.


*Não tem terra?*
O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.


*Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!*



"Trabalhe duro, pois milhões de pessoas que vivem do Fome-Zero e do Bolsa-Família, sem trabalhar, dependem de você"


Se vc é brasileiro passe adiante.
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De pronto só me veio em mente responder da seguinte forma, tendo o cuidado de re-enviar a todos os destinatários que haviam recebido o e-mail juntamente comigo:


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De:Ocupado George Martins (ghemartins@hotmail.com)
Enviada:sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 4:16:31

se você leu as piadas até o final deve realmente está indignado com tanta bolsa e tanta cota. Agora, que ver a coisa "fudê" de vez? Eleja um tucano aliado de um democrata. Ele vai fechar dezenas de maternidades, ai ninguém tem filhos. Vai privatizar as "Vale do Rio Doce", as "Embratel" (ainda resta a Petrobrás), vai estimular a demissão voluntária nos bancos estatais, vai forçar os Estados a manter a lei de responsabilidade fiscal, diminuindo os salários dos funcionários publicos e extinguindo os concursos. Ah, ele vai também sucatear as universidades federais, até convencer você de que o melhor é vendê-la, ai irão surgir milhões de faculdades de fundo de quintal pra compensar a procura pelo ensino superior. Como se nao bastasse, vai engavetar todas as ações contra os seus aliados e vai acelerar a votação da lei que garante um terceiro mandato.
Ai, depois de 12 anos, certamente, a classe média, chateada com as perdas, vai eleger outro governante comprometido com as causas sociais, e todas essas políticas, transformadas em piada, terão que ser colocadas em prática novamente pra compensar o massacre de mais de uma década. Até organizar tudo, o Brasil ganhar respeito novamente lá fora e, quem sabe, a população não precisar mais do Governo pra se manter.


É isso!
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Embora tenha respondido às pressas, indignado com a capacidade que as pessoas têm em receber esse tipo de informação e não processá-la, remetendo-a à sua lista de contatos, gerando assim as famosas correntes, decidi que apenas as palavras que escrevi como resposta seria postado neste espaço.


Mas, esqueci de um detalhe. Um termo usado nas legendas me chamou bastante atenção: “Bolsa Invasão”. Esse termo é geralmente usado pela mídia (burguesa) para tirar o foco da questão propriamente dita, contextualizada ali na luta pela terra. Invasão, se você escrever no Microsoft Office Word 2003, clicar com o botão direito do mouse e ir até “Sinônimos” vai ter uma visualização rápida do que ela realmente significa, e ai me vejo a vontade agora para perguntar se “colonização” é realmente feita por trabalhadores ou, de fato, quem são os invasores!


Bastam alguns minutos de reflexão para que não caiamos em contradição com nosso próprio povo e saiamos defendendo grupos fechados de exploradores, latifundiários e, se me permitem o desabafo, filhos da outra!

5 de fev. de 2010

A decepção do século

De repente estou no meio de uma confraternização, numa daquelas animações de domingo, sem compromisso. E eis que começam a falar de política. Podia dizer que até bem pouco tempo era minha praia. Adoro fazer e ouvir comentários acerca dos partidos políticos, projetos, futuro, eleições e, de repente, me vejo bombardeado por questionamentos que jamais pensei em responder. De todos, o mais sutil foi: “será que ainda dá pra acreditar nesses que tu indica?”

Obviamente que quando se fala sobre política, as alianças que os personagens fazem também entram na roda. Ai não precisa ser nenhum gênio da lâmpada pra se saber de quem falavam.

Honestamente? Ele era para ser o homem do século, em nível municipal e, talvez até, estadual. Mas, preferiu trocar suas convicções pelo alcance do seu projeto pessoal.

Lembro das manifestações que nós, estudantes, fazíamos, contra aumentos de passagens, direito à meia-entrada e meia-passagem em viagens intermunicipais. E ele lá. Podíamos contar com ele dentro da Assembléia.

E a reeleição de 2002? Até partidos como o PCR e a Juventude Rebelião participaram ativamente do processo. Fui taxado de outdoor ambulante. E as pessoas que acreditavam em mim? E as que acreditavam nas que acreditavam em mim? O que elas pensam hoje?

Outro dia, uma personalidade do mundo político disse que havia emprestado sua confiança ao seu candidato, que não tinha emprestado dinheiro. E, justamente por não ter sido dinheiro que foi empenhado, a tal personalidade se sentia triste, traído. E talvez seja isso mesmo que centenas de pessoas como eu, que pediram votos, muitas vezes tendo que argumentar por horas, para arrancar um único voto, que mais tarde se converteria em dois, cinco, sintam, uma profunda tristeza.

A estudantada recuou quando este homem foi eleito prefeito, acreditou que com ele as coisas seriam diferentes. E foram! Mas, foram diferentes do que esperávamos. O prefeito se aliou aos empresários do setor de transporte público, implementou a bilhetagem eletrônica sem uma ampla discussão, retirando, inclusive, o foco da identificação estudantil da carteirinha propriamente dita para o cartão de passe, com foto, e deu sucessivos aumentos de passagens. Mas, mesmo assim, ele ainda era o homem que podia mudar o jeito de se fazer política no Estado.

A falta de aumento para os funcionários municipais, o aperto nas escalas de trabalho, a falta de compromisso com a cultura e os jovens, deixando até o crack se infiltrar na cidade como uma peste, não foram suficientes para se deixar de acreditar nele. Até os boatos começarem a circular. Mas eram só boatos.

Até quando? Até o homem que se projetou na política pelo carisma e, principalmente, pelas pessoas que deram suas caras a bater, brigando por cada espaço no bairro, na rua, para discutir, chamar pra luta, e convencer de que ele era “o cara!”, resolver se aliar a, justamente, aqueles que considerou o oposto de tudo o que ele acreditava e que, contra quem, junto com toda a militância, por anos, combateu. Então, talvez essa tenha sido a gota d’água para muitos. Ora, se até pouco tempo os atuais aliados eram a pior estirpe do mundo político, o que fazem juntos agora? Ou ele estava errado, e conseqüentemente todos nós, ou, para almejar o que quer, ele é capaz de tudo, até vender a própria alma ao Diabo.

Mas, foi assim, trabalhando sua projeção pessoal que ele passou um trator em cima de todas essas pessoas, abalou as consciências de todos eles, fez com que, junto com sua credibilidade, os seus seguidores, desde a época do PT, também perdessem as suas.

O que se empenhou foi a confiança e o troco foi a traição.

Judas, o traidor de Cristo, se enforcou! Na política também existem formas de enforcamento.