7 de mar. de 2022

Maria (animação), de Henrique Magalhães

Procurando o que escrever nesses para este blog me deparei com um texto pronto, solicitado para uma disciplina do curso de Cinema da UFPB, em que analisei um vídeo, um curta (curtíssimo), do Professor Henrique Magalhães. O nome? Maria. Simples assim. Ah! E disponível no Youtube para ser visto.

Tive que pesquisar sobre os personagens para entender o conflito que não existe apenas no filme, mas é uma realidade bem brasileira, que envolve sociedade, estado e polícia.

O texto você lê agora. Mas indico que veja o vídeo antes. Ele está aqui e só tem um minuto e meio.

ANÁLISE – MARIA. ANIMAÇÃO: 1’33. DE HENRIQUE MAGALHÃES

            Antes de analisar a animação criada pelo Professor Henrique Magalhães, é preciso conhecer Maria, em suas tiras, criada em 1975.

No documentário Eu sou Maria (2014), de Matheus Andrade e Regina Behar, Henrique se apresenta como a própria personagem: “Maria sou eu. Maria é minha vida. É o que eu penso e o que eu vejo do mundo.” (MAGALHÃES, 2014). Nesse contexto, extrai-se que o Professor Henrique Magalhães imprimiu em sua personagem, sua visão de mundo e sua preocupação com questões sociais, ligadas à luta das minorias, sobretudo a do feminismo.

Maria foi criada durante a Ditatura Militar, em 1975. No site na internet, que leva o nome da editora Marca de Fantasia, quando do lançamento do livro Maria, espirituosa... há 30 anos, em 2005, a radiografia de Maria é posta assim:

Maria surgiu no bojo da cultura alternativa, cultura de resistência a um contexto político de exceção. Sua fonte de inspiração foi a efervescência política e social do país, que lhe deu um caráter político semelhante à charge, no início de sua criação. As primeiras tiras da personagem traziam o grito contra o cerceamento político e intelectual, mas também a crítica às desigualdades sociais e aos costumes conservadores arraigados. (MARCA DE FANTASIA, 2005).

            A espirituosa Maria na animação aparece em cores. Apresentado por um lagarto, Varan, o curta mostra uma moça, Maria, que, ao se aproximar de um policial, demonstra sua inquietação com seu estado de fome. Essa fome é representada pela figura de linguagem RONC. Em reação, o policial corre atrás da moça até que também sente fome. A cena é um retrato rápido, porém profundo, do que motiva as diversas lutas sociais: quando o povo sente fome, ele se revolta contra o estado das coisas, contra as elites. A polícia, braço repressor do Estado e criado, provavelmente, quando da vinda da família real para o Brasil, em 1808 (MORAIS & SOUSA, 2011), para defender os interesses dessas elites, cumpre seu papel, atuando na perspectiva de atenuar ou eliminar o perigo que assombra a classe que “paga” seus salários.

            É preciso dizer que a leitura de Henrique sobre a sociedade é perfeita. A polícia que defende as elites, atua como se a ela pertencesse. Contudo, ela é composta, em grande número, de povo. Geralmente os policiais advêm da população pobre e negra, excluída, mas, alienados. Essa gente também sente fome.

            Maria corre da polícia. É mulher. É minoria. Na tira que originou a animação, o ultimo quadro mostra o povo botando a polícia pra correr. Percebe-se essa atitude em locais onde as tensões sociais são mais gritantes, como Rio de Janeiro, São Paulo e até mesmo Recife. A polícia, militarizada, bate, massacra a população pobre. Essa população, cansada de apanhar, se revolta contra a polícia. E ai se pode interpretar que essa revolta (a corrida do povo contra a polícia) pode se dar em diversos aspectos, até mesmo nas formações de milícias ou gerenciada pelo tráfico de drogas. Mas a tira mostra o povo, que não é Alphaville, organizado, com a barriga rocando, disputando o Estado. Mostra que o povo organizado pode mudar seu destino. Na versão em vídeo, o policial, ao chegar próximo de Maria, sente sua barriga roncar também (RONC). Então, ele se dá conta de que é povo e não elite, e para. Maria, agora “posuda”, retoma sua trajetória original. A ironia de Maria também é uma marca registrada.

            São elementos do cenário um balde de lixo que aparece duas vezes enquanto Maria se dirige ao policial e quando ela corre dele, e um hidrante. Este hidrante pode ter sido posto apenas para demarcar espaço no vazio amarelo do plano geral, mas pode representar um abafamento da perspectiva opressora alienada das polícias.

            Segundo Henrique (2014), Maria é fruto dos conflitos que ele vê na sociedade e que ele próprio enfrenta no cotidiano.

Referência:

MAGALHÃES, Henrique. Eu sou Maria. Youtube, 14 dez. 2014. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=SldSiLs_ma8>. Acesso em: 14 dez. 2020.

MAGALHÃES, Henrique. Maria. Youtube, 25 set. 2014. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=ggVBnKz3kXg>. Acesso em: 14 dez. 2020.

Maria: Espirituosa... há 30 anos. Marca de Fantasia, 2005. Álbuns. Disponível em: <https://www.marcadefantasia.com/albuns/repertorio/mariaespirituosa/mariaespirituosa.htm>. Acesso em: 14 dez. 2020.

MORAIS, Maria do Socorro A.; SOUSA Reginaldo C. POLÍCIA E SOCIEDADE: uma análise da história da segurança pública brasileira. In: ESTADO, DESENVOLVIMENTO E CRISE DO CAPITAL: V Jornada Internacional de Políticas Públicas - V JOINPP. São Luís – MA: 2011. P. 3 – 4. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/PODER_VIOLENCIA_E_POLITICAS_PUBLICAS/POLICIA_E_SOCIEDADE_UMA_ANALISE_DA_HISTORIA_DA_SEGURANCA_PUBLICA_BRASILEIRA.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2020. 


27 de fev. de 2022

Repostando do Leitura Política

Acesse o @leitura_politica para ver a postagem original


Nestes últimos dias você ouviu falar do Batalhão Azov, uma organização paramilitar, compostas por neonazistas, contra o qual pesam nos os últimos 8 anos denuncias de torturas, saques, estupros e perseguições para limpeza étnica. Essas ações se voltam sobretudo contra a população russa que, segundo pensam, não seriam brancos de verdades, mas orientais. Para o neonazismo não está em questão apenas a pureza racial, mas a pureza cultural. São estes os ataques contra a população de origem russa, na região do Donbass, que estão acontecendo desde 2014.

O fato é matéria da Jacobin de 17 de janeiro deste ano, diz que o Azov pode estar recebendo apoio e treinamento do Ocidente, por serem a principal força anti Rússia em atuação na Ucrânia. De acordo com matéria do Brasil de Fato de 13 de maio de 2021 "eles utilizam o símbolo wolfsangel e o sol negro, o primeiro em referência 2ª SS Divisão Das Reich e o segundo largamente empregado por grupos nazistas modernos".

Hoje, o Batalhão Azov foi integrado às forças do Ministério do Interior ucraniano, submetido à Guarda Naciona daquele país. Isso mesmo, são mantidos e gerenciados pelo Estado, de forma legalizada.

Recentemente, a mídia e a opinião pública brasileira reagiram à altura a um youtuber que defendeu o direito de legalização de um partido nazista. Curiosamente, no caso do Azov não tem recebido o mesmo interesse, mesmo Putin afirmando que é preciso "desnazificar" a Ucrânia. Ao contrário, tentam retirar importância desta denuncia, inclusive com o argumento de Zelensky é um judeu. Bem, não precisamos lembrar que o atual presidente da Fundação Palmares é negro, não é?

Imagem: reprodução da Internet. (Chamou atenção a bandeira da OTAN).

#LeituraPolítica #Russia #Ucrânia

25 de out. de 2020

O plano da pandemia que nunca existiu - The Intercept Brasil

da Newsletter d'The Intercept Brasil

por Tatiana Dias
Editora Sênior

Hélio Rodak é um leitor do Intercept. Em maio deste ano, ele procurou o sistema de acesso à informação do governo federal com um pedido simples: uma cópia do plano nacional para tratar os efeitos sanitários e econômicos da pandemia de covid-19. Começava naquele dia uma saga que se estendeu pelos quatro meses seguintes, até culminar com o governo pego na mentira. 

Agora, Rodak resolveu dividir o que descobriu com a gente. Seu pedido foi feito, primeiro, à Presidência da República; de lá, foi direcionado à Casa Civil. A primeira resposta do governo Bolsonaro veio no dia 8 de junho: algumas das informações que Rodak pediu seriam "documentos preparatórios". Assim, não poderiam ser fornecidos – naquele momento, a pandemia já havia matado quase 40 mil brasileiros. A Casa Civil argumentou que seria preciso aguardar a "edição do ato decisório" para que as informações pudessem ser disponibilizadas "devido ao risco de frustrar a própria finalidade em caso de divulgação antecipada". A resposta ainda incluiu alguns links com ações isoladas e uma notícia sobre a apresentação do programa Pró-Brasil, uma iniciativa "proativa" do governo para reduzir os impactos com foco no período pós-pandemia. 

Se você não sabe o que é essa iniciativa "proativa" (adoro gente que se autointitula proativa, como se não fosse mais do que a obrigação do governo pensar em soluções para a população diante da tragédia humanitária que estamos enfrentando), te convido a dar uma olhada no PDF tosco que apresentou a iniciativa. Nenhum detalhe, nenhum planejamento, nada, né? Pois é. 

Rodak também não se satisfez e recorreu da primeira negativa no dia 15 de junho. A resposta veio uma semana depois: negado. Mais uma vez, o governo Bolsonaro empilhou links de iniciativas isoladas do comitê de crise e mencionou o proativo Pró-Brasil. Nada do plano nacional. Rodak insistiu. "Aquilo que me foi apresentado não se trata de um plano, mas de uma página de divulgação das ações já realizadas pelo governo", ele justificou ao entrar com o recurso na segunda instância. 

Uma semana depois veio a nova negativa: "a documentação a que se pretende acesso possui restrição especial, de caráter temporário", justificou a Casa Civil. "Nesse momento é muito importante zelar pela segurança jurídica e pela confiança dos administrados. Assim, a restrição temporária se dá em harmonia com os interesses públicos do Estado em prol de toda a sociedade, como a segurança pública, a celeridade e a economicidade da administração pública", disse o governo. Enquanto isso, o Brasil acumulava quase 60 mil mortes. A resposta ainda aproveitou para empilhar mais links e mencionar, pela terceira vez, o Pró-Brasil, o PDF proativo do governo. 

Rodak, então, recorreu de novo – e, como determina a Lei de Acesso à Informação, a partir desta linha quem arbitra é a Ouvidoria-Geral da União, ligada à Controladoria-Geral da União. Nosso leitor argumentou o que parece óbvio: àquela altura, o Brasil já era o segundo país do mundo com mais mortes pelo novo coronavírus. Qual era a justificativa para que o tal plano continuasse sigiloso? 

A resposta veio desta vez, no dia 3 de setembro: o recurso não poderia ser atendido porque… a informação não existe. "Em que pese as justificativas outrora formuladas, cumpre elucidar que não há especificamente um 'plano nacional utilizado para tratamento dos efeitos econômicos e sanitários causados pela pandemia' para que dele seja fornecida cópia", respondeu o governo. Foi só na última instância que o leitor soube, e agora todos sabemos, que simplesmente não há um plano nacional para tratar os efeitos sanitários e econômicos da pandemia de covid-19. 

Trocando em miúdos: apesar de ter negado e tentado enrolar, admitiu, por fim, que a informação que o nosso leitor queria – e todos nós – simplesmente não existe. 

O governo afirmou que a crise é tratada por "estruturas temporárias e dinâmicas" criadas especificamente para esse fim. Também explicou que cada ministério tem suas próprias ações e programas para lidar com a pandemia – e que, se quisesse, Rodak teria de pedir a cada uma das áreas do governo os planos específicos. Articulação central? Planejamento? Nada.

A própria ouvidoria entendeu que o governo modificou seu argumento ao longo das respostas: primeiro disse que o plano estava em "documentos preparatórios" e depois falou em "restrição especial" até que, enquadrado, assumiu que eles não existem. 

Não por acaso, o governo Bolsonaro já é recordista de negativas de acesso à informação: só pouco mais da metade dos pedidos é atendida. É o pior índice desde 2012, quando a lei entrou em vigor. Mas o nosso leitor, que não é jornalista, insistiu e pegou o governo menos transparente da história recente do país no pulo – e achamos que vocês fossem gostar de saber disso. 

O Brasil já tem 152 mil mortes por covid-19 e está no quarto lugar no ranking de óbitos proporcionais à população, atrás apenas de Bolívia, Bélgica e Peru. A economia também deve retroceder 5,8% em 2020 – e o Brasil ainda bateu o recorde de desemprego, 13,8%, maior número desde o início da série histórica em 2012. Bolsonaro não salvou vidas e nem empregos. Agora vocês já sabem: o plano para isso nunca existiu.

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4 de mai. de 2020

Saudades das coisas de antigamente


Nesse período de distanciamento, isolamento social, confinamento ou do que quiserem chamar, em determinado momento me vi obrigado a sequer olhar pela janela.

Foi um período tenso. Além dos protocolos que tive que seguir por estar com suspeita de ter contraído Covid-19, logo no início da chegada da doença por essas bandas, ficando em casa obrigatoriamente por duas semanas, a energia do meu filho de 3 anos e a suspeita que minha esposa tinha de que ela também estava infectada me deixaram cansado física e psicologicamente.

Briguei com quem não devia. Mandei quem não merecia ir catar coquinhos (não posso escrever o que realmente disse devido o alcance desse texto, rsrs). Não saber o que realmente se tem por falta de testes é o pior sintoma dessa doença.

Passou o período, pra mim, mais tenebroso antes da minha mãe adoecer após de ter descumprido o isolamento. A neura voltou mas, em alguns dias, passou novamente. 

Voltei a normalidade.

Dentro dessa normalidade me dei conta do quanto anormal estão as coisas lá fora. E digo anormal em tudo. Era superministro pedindo demissão. Ministro da saúde sendo demitido em meio ao caos. Presidente participando de manifestação de pessoas que pedem a volta do regime ditatorial militar e o pior: após denúncias do “herói da lava-jato” contra o presidente, pessoas ainda apoiando o tal mito. 

Realmente, não podia deixar de registrar o quanto eu acho que tudo está estranho lá fora.

E de tanto pensar, me deparei hoje com uma vontade imensa de lembrar de como as coisas de antigamente eram boas (dentro das possibilidades).
Apesar da infância pobre e da adolescência suprimida pela necessidade de trabalhar, eu percebi que havia coisas boas pra se viver.

Mas as saudades eram mais fortes das coisas pequenas.

Saudades de brincar na rua até a madrugada, correndo por vielas, me escondendo em buracos e casas abandonadas. E de brincar nas ruas durante o dia, num bairro que não tinha calçamento e onde podíamos jogar bola descalços, jogar pião, tampinha cross, bolas de fone (de gude), conversar com adultos, com crianças, com animais.

Saudades de ter frutas nas árvores nas ruas a nossa disposição. Mangas, jambos, pitombas, siriguelas, bananas, goiabas eram mato.

Saudades de levar bronca da nossa mãe e da mãe dos nossos amigos sem que isso levasse a uma discussão entre elas. Fazia parte da nossa educação. Eramos como uma grande família. E todo mundo respeitava todo mundo. Bem! Quase todo mundo.

Saudade de soltar pipa feita em casa. De pegar o carrinho de rolimã dos amigos. De descer ladeira rolando em pneus de trator.

Saudades de namorar. De ir pra casa das namoradas a pé, de ônibus, de bicicleta, sem vergonha por não chegar de carro na casa delas.

Saudades de jogar bola na quadra da escola. De ser escanteado no time da sua turma e virar o goleiro titular do time da turma dois anos mais nova.

Saudades de trocar o lado da chinela ou consertá-la com prego e usar até realmente não dar mais.

Saudades de ouvir ensinamentos dos mais velhos e acreditar que, por ter bastante idade, eles realmente sabiam de tudo.

Saudades de tomar vinho com amigos. De ser revistado pela PM só por ter cara de e se vestir como pobre (não eram opção) e depois poder contar isso como mais uma experiência vivida por um membro da periferia nos grupos de discussão política.

Mas, do que mais tenho saudades mesmo é de quando eu falava asneira e alguém tentava me convencer do contrário me trazendo fatos academicamente comprovados. Nos dias de hoje, eu trato de fatos academicamente comprovados e tentam me convencer do contrário me trazendo asneiras.

5 de set. de 2019

Em ofício, CNA e ruralistas atacam liberação de agrotóxico que mata lavouras

Herbicida produzido pela Monsanto prejudica várias culturas e só funciona em variedade de soja vendida por ela mesma

Reproduzido de:
Brasil de Fato | São Paulo (SP)
,
A velocidade e a inconsequência com que o governo Jair Bolsonaro (PSL) tem liberado o uso de agrotóxicos no país  já começa a incomodar o próprio agronegócio – em tese, um dos principais beneficiários de tal política.

Em ofício protocolado no Ministério da Agricultura na última sexta-feira (30), ao qual o Brasil de Fato teve acesso, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) manifestam “preocupação com o futuro de toda a agricultura brasileira”, devido à liberação, em 22 de agosto, do herbicida dicamba.

Segundo os produtores, apenas uma variedade de soja geneticamente modificada é tolerante ao dicamba. Todas as demais seriam negativamente afetadas pelo produto, que, segundo o documento enviado ao Ministério, é altamente volátil (evapora e se espalha) em temperaturas acima de 29 graus.

Além da soja, o dicamba mataria também lavouras de algodão, batata, café, cítricos, feijão, leguminosas, tomate, uva e milho, entre outras.

De acordo com a Associação Brasileira dos Defensivos Genéticos (Aenda), apenas três grandes companhias multinacionais produzem herbicidas à base de dicamba, entre elas a Bayer-Monsanto.

Não por acaso, é a mesma Bayer-Monsanto que detém a tecnologia para produção de sementes resistentes ao dicamba – chamada de Intacta 2 Xtend – e está programando seu lançamento comercial no Brasil para 2021.

A semente já foi “apresentada” a produtores Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia num grande evento denominado Gigantes da Soja, realizado entre o fim de 2018 e começo de 2019.

Operação casada

No ofício enviado ao ministério, a CNA e a Aprosoja lembram que, nos EUA, onde o dicamba foi liberado em 2016, quase 4 milhões de hectares de soja foram danificados, o que gerou 2.700 processos judiciais. Com isso, vários estados norte-americanos teriam estabelecidos restrições ao uso do herbicida.

Os produtores lembram ainda que a volatização do produto seria ainda maior no Brasil, devido ao clima tropical do país.

“Ademais”, diz o texto, “a tecnologia Xtend virá associada a outras biotecnologias (?), tendo que ser adquiridas como se em ?pacote fechado?, nada menos que uma venda casada”.
Em entrevista ao Canal Rural no último dia 23, o presidente da Aprosoja, Bartolomeu Braz, criticou a liberação.

“Não podemos aceitar esse domínio de mercado. O Brasil já evoluiu bastante, temos um clima tropical e ao que parece não temos a necessidade de usar esse produto. Nosso manejo é diferente dos americanos e precisa ser pensado de maneira diferente”.

O documento das entidades representativas do agronegócio não chega a exigir a proibição do dicamba, mas pede o estabelecimento de medidas de controle, a elaboração de mais pesquisas, tendo em vista as características do clima brasileiro, e a “responsabilização da empresa detentora da biotecnologia”, em casos de danos às lavouras.

Link da matéria original:

20 de mai. de 2017

Décadence sans élégance

Nem me dei conta. Meu filho nasceu e o mundo parou pra mim há exatos 5 meses e 15 dias. Prova disso é esse blog. Já não era atualizado a contento, mas, abrindo-o sem compromisso, vi que a ultima postagem era do final do ano.
Por sorte, o facebook me surpreendeu hoje com uma lembrança de um texto que publiquei há um ano. E é exatamente este texto que irei postar hoje, aqui.
Então, fiquem a vontade. Ao final, tem um link do texto que li e que gerou esse texto que escrevi.
Divirtam-se!

Segue o texto:


Se, não sendo tendências, fossem alternativas, os dilemas colocados no texto compartilhado que podem representar a fase por que passam as bandas de rock dos anos 80, estariam expressos em: " suas carreiras começaram a entrar em declínio por não conseguirem se reinventar diante da mudança de cenário social e político. De contemporâneos tornaram-se extemporâneos".
Na verdade, fui, e às vezes ainda sou, muito fechado para a ideia de novas bandas, ou novas propostas de composição para bandas de rock a partir dos anos 90.
Contudo, encaro que as minhas pararam no tempo, realmente.
Já analisei, pensando comigo mesmo, e querendo escrever para o CidadãoSilva, que os jovens que viveram de Xuxa aos programas infantis de até 2 anos atrás (visto que hoje foram totalmente descartados pelas tevês abertas), e não sentiram os efeitos de um regime ditatorial militar, nem na pele (pros que nasceram durante), nem nas consequências de um tempo que chegou ainda muito cedo (para os que nasceram nos anos 80 até a metade daquela década), não seriam dotados de criticidade o suficiente para escrever letras que mexiam com a cabeça de qualquer um adolescente inquieto com os desmandes que a superestrutura (poder econômico tendo nas mãos os governos e a justiça) causava. Nem escrever e nem entender o que as canções queriam dizer.
Acho que a conjuntura melhor abordada, a partir dos anos 90, estão nas composições de O Rappa, no tocante à violência desmedida, que vitimou, inclusive, um de seus integrantes. Com o avanço da tecnologia e a chegada do novo milênio, a "mass-midia" passou a ditar o que podia ser escrito, e o que devia ser vendido.
Contudo, as bandas de rock dos anos 80, nossos heróis, parecem ter morrido de overdose, ou entraram num estado de êxtase profundo e não conseguiram mais nem entender a nova juventude, nem serem entendidos por ela.
O resultado? Ou se refazer (acústicos), ou se desfazer, ou se vender. E isso aconteceu, necessariamente, nesta ordem.
Leia o texto do link a seguir. É indispensável.

31 de dez. de 2016

Mensagem de final de ano

http://www.estacaodanoticia.com/main/wp-content/uploads/2016/01/Ju-isen-musa-protestos.jpg
Foto retirada de:
http://estacaodanoticia.com/main/wp-content/uploads/2016/01/Ju-isen-musa-protestos.jpg

O Cidadão Silva deseja muita força, perspicácia e sorte no ano vindouro a todos aqueles brasileiros que serão afetados, de alguma forma, pelas duras medidas de um governo golpista, elevado à condição de tal, exclusivamente para promover o aperto no bolso da população mais massacrada do país e aliviar as contas dos patrões.

Mas o redator deste blog não é vingativo, como o é a classe média, e deseja a todos aqueles que inflaram bonecos, pintaram rostos de verdamarelo, que ensaiaram dancinha e que bradaram contra a corrupção dos outros que, em 2017, não se sintam verdadeiros idiotas quando perceberem que também pagarão o pato da FIESP, que verde e amarelo, ao contrário do vermelho e do preto, não significam cores de luta, mas cores de uma bandeira suja, de um país sujo, com um passado obscuro e um futuro incerto, que os passinhos vindos do Ceará não enobreceram as manifestações patrocinadas pelos grandes empresários da mídia nacional, mas as deixaram mais ridículas, e que a corrupção é um mal que deve ser tratado, mas, tal como uma doença grave, se não for tratada como um todo, digo, se só a corrupção de um for eliminada, a corrupção do outro vai consumir todos os neurônios de quem pediu intervenção militar e apanhou da PM enquanto fazia isso.

O blogueiro também espera que você, que foi pato, que se coloriu, que dançou (e que vai dançar ainda mais em 2017 e até 2038) e até aqueles que bateram panelas nas sacadas dos apartamentos comprados a vista com dinheiro de propina ou financiado por um programa de governo, que perceba que o Brasil não está quebrado. A nação estava em fase de crescimento acelerado e adquiriu dividas, assim como você mesmo fez quando viu um tostão a mais no final do mês. E isso é normal. Se endividar é normal quando a dívida é revestida em benefícios para a própria nação, como também foi normal quando você adquiriu bens, serviços e mais conforto para sua família.

Mas, se você não acredita que o Brasil não estava quebrado, pelo menos seja corajoso o suficiente para se perguntar, mesmo que escondido, no banheiro, por que o tenebroso governo da ordem e do progresso anistia dívidas de pessoas físicas de até R$ 1 milhão; por que este governo não discute a volta da CPMF, aquele imposto que é cobrado de acordo com a movimentação bancária – quem movimenta mais, paga mais – e propõe elevar a cobrança sobre o ISS (ai o pobre de direita fica sem argumentos para defender o Governo: qual pobre tem dívida ativa de R$ 1 milhão para ser perdoada e qual pobre movimenta milhões e milhões para ter uma perda tão grande nas suas contas bancárias?).

Se isso ainda não for suficiente, e se o pais realmente necessita de injeções de dinheiro, o que dizer da venda do campo de exploração do pré-sal de Carcará, que tinha valor estimado em mais de U$ 28,6 bilhões, por meros U$ 2,5 bi? Só lembrando que a sigla U$ tem cotação maior que a R$, para os desavisados e/ou displicentes.

Convencido? Não?

Então, como ficam as contas de um país falido com um acordo de perdão de uma dívida de R$ 20 bilhões das empresas de telecomunicação, mas que, segundo auditoria do TCU, passa dos R$ 100 bi, somados a cessão de outros R$ 20 bilhões em patrimônio que deveria retornar aos cofres dá União em 2025.

Logico que não vou citar o aumento do judiciário, a elevação de gastos com publicidade, uma vez que os dados são muitos e o máximo que o Cidadão Silva pode fazer, por você, é indicar onde pesquisar.

No final, este blog deseja que os neo-consciente-politicamente, os pobres de direita (mito) e os cães-raivosos-medioclassistas esqueçam o discurso da anti-corrupção, uma vez que a praticam também, e pensem na coletividade; esqueçam que meritocracia, os doendes do jardim da casa de Xuxa e Papai Noel só existem para uns poucos privilegiados; e percebam, de uma vez por todas, que não há aumento do poder aquisitivo, melhoria dá condição social, da educação e da saúde e mais acesso à cultura que não passem pelo crivo de uma coisa chamada POLÍTICA PÚBLICA. E que essa política pública é feita por políticos. E que políticos são eleitos e dispensados em ciclos de 4 ou 8 anos. Todo o resto, todo mesmo, é apenas uma questão de consciência ou de hipocrisia.


Feliz Ano Novo a todos!

1 de set. de 2016

Nação de Zumbis

Já não existem mais forças para digitar palavras. Nem palavras que formem linhas e frases. Nem frases que formem textos. Ou textos que formem um artigo.
Não existe mais vontade de ser cidadão, numa nação que não respeita ninguém que pense diferente.
Não existe mais vontade de votar. Afinal, votar pra quê?
Se Deus era brasileiro, deve estar tão envergonhado com tanta esculhambação em Seu nome que, muito provavelmente, e por ser onipresente, já mudou de nacionalidade faz tempo.
Os idiotas são muitos. E contra eles não se pode lutar.
Quando um trabalhador se juntava ao coro do patrão na intenção de, cada vez mais, retirar a voz do seu companheiro, por maucaratismo, ainda havia esperança. Hoje, eles não são mais bajuladores, eles acreditam realmente no que estão fazendo. E, realmente, contra a idiotice, não se pode lutar.
O Estado é de exceção. Quem for negro, mesmo que seja rico, sofrerá na pele. Quem for miserável, mesmo que branco, sofrerá na pele. Os homossexuais já sofrem na pele e sofrerão ainda mais. Mulheres? E se você não serve a nenhum senhor e a nenhuma igreja, cuidado!
De certo que a luta armada seria a única alternativa, uma vez que já não há democracia. Mas ouse levantar uma foice ou um martelo contra um Estado militarizado, tomado por uma justiça que só enxerga o que quer e por uma multidão de zumbis que sabem que, diante de uma faca empunhada, os disparos de suas pistolas ponto 40 e espingardas calibre 12 servirão de atenuante no processo que responderão por ter agido em legítima defesa.
A história se repete. Mudam apenas o figurino e cenário.
A arma da democracia perdeu seu efeito imobilizador. Votar?
A superestrutura não perdoa ninguém que ouse tentar abalar seus alicerces.
Vai ver, é por medo dela, que tantos imbecis bestializados decidiram tomar partido e ficaram do lado de lá. Estão na zona de conforto. Mas não sabem o que lhes espera.
Se é pra ser assim, amém?

22 de jun. de 2016

Sobre nós

Já havia comentado aqui, neste blog, da nova onda de consciência política que emplacou as mentes dos brasileiros, em especial, desde quando o gigante acordou, em junho de 2013.

Lembro que, até então, discutir política era coisa de filiado, e apenas filiados de partidos de esquerda, ou, quando muito, universitários de humanas, principalmente bacharelandos em ciências sociais.

Obvio que há uma contribuição enorme da grande mídia burguesa, que percebeu a oportunidade de inflamar corações valentes a irem às ruas questionar todo o sistema político, a corrupção e cobrar a alternância de governo (se me permitem, essa chamada, claro, é um atestado de insatisfação dos tais setores conservadores da sociedade com o sistema político do PT, a corrupção do PT e pela alternância de governo, desde que se tire, a qualquer custo, o PT de lá).

O que acontece é que a vontade de demonstrar conhecimento total sobre os rumos políticos do país é tão grande que muitos brasileiros conseguem passar vergonha e ainda estufam o peito, cheios de certeza do que nunca quiseram tomar nota. A vergonha alheia vem de todos os lados, dos defensores da democracia e dos defensores da democracia que não contenha petistas.

Virou briga de torcida organizada. Lembra um Botafogo-PB x Campinense, com direito a achincalhe e pontapés.

Mas há outro fenômeno ainda mais perigoso: os tons de vozes que se voltam contra o governo. E não falo apenas no governo em nível federal. Penso nas outras duas esferas: estadual e municipal. Chegam a ser ridículos os ‘memes’ de gestores e gestões, as cobranças das oposições, as piadas dos eleitores do outro candidato derrotado, que se fazem a este ou aquele evento.
Perceba, no plano local (Estado da Paraíba e sua capital), focando no caso da Lagoa do Parque Sólon de Lucena.

É um local/equipamento público fundamental para os pessoenses e para os paraibanos. Precisava de uma intervenção pública urgente. E foi feita. Mas não durou dois dias pós inauguração para que as fábricas de intrigas soltassem seus apelos publicitários contra a imagem do gestor municipal.

Não quero aqui fazer a defesa do prefeito Luciano Cartaxo. Acho, inclusive, que ele perdeu a grande oportunidade de entrar para história local, fazendo uma gestão sem água nem sal, pífia. Mas a Lagoa, a Lagoa merecia passar pelo que passou.

Claro que venderam um peixe grande para nós e entregaram uma piaba, fazendo um comparativo entre o projeto apresentado e o que foi executado. Mas daí condenar que a reforma daquele espaço não tem seu valor é irresponsável.

Na verdade, essa briga, até tempos atrás era feita apenas entre os grandes nomes dos partidos políticos, como disse mais acima. Faz parte da disputa eleitoral, de cooptação de votos. Mas hoje são os cidadãos comuns que fazem essa guerrinha.

Eu, este desconhecido redator deste portal mal acessado, particularmente, sempre tive vontade de ver uma ampla reforma na Lagoa. Era um sonho. Vivi minha infância entre os Parques Sólon de Lucena e Arruda Câmara, que nós aqui chamamos de Bica. E ela, a reforma, foi feita.

Teve problemas? Sim, claro. Qual evento ou intervenção de espaço público, realizado por empresas privadas, que visam apenas lucro, não tem problema?

O ‘pier’ rachou? A tinta da ciclovia soltou com a primeira chuva? É culpa do gestor? Será?
O que vi hoje, passeando por ali, foram os funcionários da empresa que fez o serviço (ou parte dele) la´, realizando os devidos reparos na pista, depois de já terem reparado o ‘pier’. Faz parte do contrato. É garantia de serviço. E está certo.

Da nossa parte, denunciar e cobrar que se faça correto ou que se corrija o erro e pronto. É tudo o que precisamos fazer. As piadas, os ‘memes’ e as calunias, difamações, deixemos isso para os políticos profissionais e os nomes dos partidos da oposição, embora reconheça que as críticas, as cobranças, mesmo de forma agressiva, resultam em uma retratação, em forma de melhoria, de projetos que se fizeram sem pensar no conjunto da sociedade. Exemplo disso? A passagem de pedestre, ligando os bairros de Mangabeira e Bancários, no meio do chamado Trevo das Mangabeiras, pensada e construída somente após protestos ‘online’, ou as faixas de pedestres e sinais de transito colocado no anel externo da Lagoa, pensada também apenas após protestos e críticas.

Porém, e infelizmente, alguns equipamentos não têm conserto, por maior que seja o furo no ego dos nossos representantes, com as cobranças e pilherias. Alguém viu alguma melhoria no estádio Almeidão depois da grande reforma?


No final, para além do respeito ao gestor público, cobremos que se mude a forma de fazer política no Brasil, na Paraíba, em João Pessoa. Cobremos que cada gestor, cada secretário, cada funcionário público lembre, no dia-dia, que o cliente deles somos nós.

5 de mai. de 2016

Que país é esse?

Foto: http://cabaredevirgem.com.br/imagens/2015/10/Renato-Russo.jpg
Não precisa ser um expert em música, e nem em sociedade, pra concordar com o que eu sempre digo: as músicas de antigamente são melhores, e não é em termos, como diria Renato Russo. Elas falam muito, tanto na composição melódica, como na criação de letras que ultrapassam gerações.

Vejamos a situação atual do nosso imenso Brasil. Digo a situação política. Relembremos, então, uma das músicas da Legião Urbana mais tocada por bandas de renome, e por bandinhas de aprendizes de guitarrista. O nome da música: Que país é esse? E note que, já no seu título, ela termina com uma interrogação.

Não é por acaso. Renato não estava afirmando, nem se alarmando com a situação do país décadas atrás. Mas ele repassou pra quem ouve a música, a obrigação de se questionar.

A música fala de tudo, da exploração dos brasileiros desde a colonização ou por parte dos patrões (conflito de classes?), mas, já nas primeiras linhas, ela trata daquilo que o Brasil mais combate atualmente: a corrupção.

                Nas favelas
                No senado
                Sujeira pra todo lado

É evidente que a sujeira de que tratou RR está revestida no velho jeitinho brasileiro de se dar bem, em qualquer situação, e, de preferência, passando por cima do outro, do da vez, do de a quem pertence por direito ou, de a quem é o direito. Nas filas de supermercado, nas vagas de estacionamento destinadas a pessoas portadores de necessidades especiais, na fila do posto de saúde, do banco, durante um flagrante de infração de transito, etc., etc., etc.

Mas, nos atenhamos a questão política mais puramente. Digo político-eleitoral. Alguém se atreveria a creditar, no cenário atual, a frase “Ninguém respeita a constituição”?

Dos últimos acontecimentos, de todo o processo por que passa a presidentA do Brasil, pelos vários entendimentos jurídicos, tanto a favor quanto contra, e a forma como foi e está sendo conduzido todo este processo, a banalização das leis, os atropelos de certos juízes (da Operação Lava-jato, por exemplo) para fazer valer a vontade de determinados grupos em detrimento do que deveriam salvaguardar (lembre-se do caso dos vazamentos, propositais, das interceptações telefônicas de Lula e Dilma, mesmo depois de a ordem judicial ter sido dada no sentido de cessar a operação de gravação das ligações), da demora dos Ministros do Supremo Tribunal Federal para julgar denúncias consideradas graves e urgentes pela Procuradoria-Geral da União, pela Condução Coercitiva e amplamente estampada pela mídia, com cumplicidade da própria Polícia Federal e da Justiça, de Lula para prestar depoimento (lembre-se também que esta semana, outro ex-presidente – FHC, foi convocado para prestar depoimento à PF, e, a este, foi conferida a prerrogativa de ex-presidente para a discrição do fato), UFA, CANSEI...

Obviamente que, como que num jogo de futebol, os torcedores do time de lá, não se importam se a forma de macular a imagem de Lula, ou a forma de retirar Dilma do Governo são legais ou legítimas. Importa apenas que sejam feitas. No mundo do futebol seria mais ou menos como vibrarem por um penalte marcado de forma irregular, ou um gol de mão ou impedido. Se foi pro seu time, é o que vale. E ai é que o trecho da música fica ainda mais emblemático numa sociedade que, de tão infame chega a ser escrota. Realmente, ninguém respeita a constituição – “Mas todos acreditam no futuro da Nação”.

Que país é esse?

E quando a banda toca o refrão, lá de baixo, o público, com a velha síndrome do vira-lata, grita: “é a porra do Brasil”.

Um Legionário (aquele que seguia a banda Legião Urbana) de verdade sabe que, se vivo fosse, Renato Russo, ao ouvir o público adulterar sua música de forma tão ridícula, pararia a música e soltaria os cachorros (com pedigree) pra cima deles.

E é até fácil de imaginar o que ele diria:

          - "Calma, gente. Se vocês continuarem acreditando que o país em que vivemos é isso mesmo, e se isso for verdade, então, o que estamos fazendo aqui?"

E continuaria:

          - "Respeitem a pátria em que vivem. Sintam orgulho dela. E façam o possível para que ela seja cada vez melhor. Pra vocês e pras gerações futuras."

Obvio que Renato poderia alterar uma ou outra parte desse meu raciocínio. Mas, se você viveu verdadeiramente a Legião Urbana, sabe que ele daria uma lição nos seus fãs.

Porém, como os tempos mudam, eu não duvidaria que Renato Russo também mudasse de opinião e de atitude. Afinal, se ninguém respeita a constituição, então, esse país pode ser, realmente, a porra do Brasil.